Com leis mais rigorosas do que as nossas, o Reino Unido vetou, nos últimos dois anos, cerca de um milhão de aves congeladas exportadas pelo Brasil ao país europeu. O motivo é o fato de os alimentos, contaminados pela salmonela, estarem fora dos padrões sanitários da região. Aqui, contudo, esses frangos foram vendidos normalmente, dentro dos padrões legais.
A informação é fruto de uma investigação realizada entre abril de 2017 e novembro de 2018 pelo jornal inglês The Guardian, e pela ONG de jornalismo investigativo Repórter Brasil. Segundo apuração das instituições, enquanto que, no Brasil, uma carne contendo 18% de salmonela pode ser vendida legalmente, já que nossa regulamentação permite até 20% da substância no frango, na Europa, é tolerado apenas 3,3%.
Por isso, a reportagem mostrou que, mesmo depois de ter despontado na mídia a Operação Carne Fraca, a qual revelou uma série de problemas no controle da qualidade de carnes produzidas e vendidas pelo Brasil, os portos europeus continuam vetando o produto. De volta à nação brasileira, essa carne é então processada e acaba preenchendo as prateleiras dos supermercados normalmente.
A volta da mercadoria ao Brasil foi comprovada ao The Guardian e ao Repórter Brasil por meio de documentos internos obtidos junto à Food Standards Agency, agência britânica de padrões alimentícios. A informação ainda foi confirmada pelo Ministério da Agricultura e pela Associação Brasileira de Proteína Animal, as quais esclareceram os procedimentos por quais os frangos passam para serem vendidos em nossos supermercados.
Após retornar ao Brasil, se a quantidade de salmonela presente no frango rejeitado pelos europeus apresentar risco potencial à saúde humana, o que acontece em menos de 1% dos casos, a carne é cozida e processada para a fabricação de subprodutos, como nuggets, salsichas, linguiças e mortadelas de origem de frango.
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